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Em um relacionamento sério com o agressor

Atualizado 15/07/2020 16:42
                                           
Em um relacionamento sério com o agressor

A quarentena, em virtude da pandemia de Covid-19, aumentou os casos de violência doméstica no mundo todo. Muitas mulheres, isoladas com seus agressores dentro de casa, estão em situações de extrema vulnerabilidade. Além do mais, o período que atravessamos de elevados níveis de tensão e estresse, facilita a violência física e psicológica. Impaciência, acessos de raiva, gritos por parte do agressor diante de situações insignificantes, são comuns.

Em um relacionamento, o abuso é sublinhado por um lado ter mais poder que o outro. No isolamento social, o domínio do espaço doméstico, geralmente, é da mulher e, com isso, o homem sente seu poder ameaçado neste ambiente, uma vez que está em casa em tempo integral. Na tentativa de não perder o controle da situação, impõe sua presença manipulando a mulher através de comportamentos violentos.

Contudo, o abuso não surge de uma hora pra outra. Ele se inicia mansamente e, por isso, nem sempre é percebido de maneira imediata pela vítima. Aos poucos, tais abusos vão se intensificando. O ciúme, interpretado inicialmente pela vítima como uma forma de carinho, torna-se excessivo, além das constantes agressões que vão desde xingamentos, invasão de privacidade à violência física. Diante disso, a vítima fica tão fragilizada e confusa a ponto de considerar que aquela violência a que está submetida foi provocada por ela. Esta culpa faz com que ela se responsabilize pelo ocorrido e minimize o comportamento do parceiro, considerando que aquilo tudo, no fundo, é uma forma de cuidado com ela.

O agressor, após despejada toda sua ira, se diz arrependido mostrando-se carinhoso e atencioso. E a mulher, por sua vez, o perdoa, pois acredita em uma mudança. Assim, ela segue investindo nesta relação violenta, considerando que tudo aquilo é apenas uma fase e que logo vai passar. Porém, o arrependimento do agressor é temporário e o ciclo da violência reinicia. Com o tempo, esta violência passa a ser naturalizada, aumentando a frequência das agressões.

Algumas mulheres conseguem sair desta inércia e denunciar. No entanto, neste período de quarentena, torna-se difícil se desvencilhar do agressor e pedir ajuda, pois ela está constantemente sendo monitorada. Algumas, inclusive, são impedidas de falar com familiares, amigos ou vizinhos.

Apesar das inúmeras campanhas contra a violência doméstica, nem todas as pessoas que convivem próximas à vítima percebem que há algo errado com aquela mulher, afinal, por medo, ela sempre diz que está tudo bem. A violência psicológica, e/ou física, a qual é submetida, mina sua autoestima, tornando-a emocionalmente mais dependente do agressor.

Contrariando o ditado “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”, é preciso intervir sim e denunciar, pois com o agravamento da situação, não é incomum que estes relacionamentos terminem em morte. Dar visibilidade à violência contra a mulher é de suma importância, pois não se trata de um problema particular, restrito apenas ao casal, e sim da sociedade. Quanto à vítima, é preciso oferecer uma rede de apoio, incluindo o atendimento psicológico, para que ela, inicialmente, se reconheça em um relacionamento abusivo, pois o amor próprio é o primeiro que acaba e, na falta dele, o abuso se mantem.

Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga

Fonte G1

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