15/10, Dia do Professor: Lília Melo, vencedora do prêmio Professores do Brasil e indicada ao Global Teacher Prize, deu início a um projeto para enfrentar os efeitos de uma chacina.
Atualizado 15/10/2020 às 13:02
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A professora Lília Melo, que recebeu o prêmio Professores do Brasil, do MEC — Foto: Arquivo pessoal |
A viralização na internet de uma campanha para levar alunos a uma sessão do filme "Pantera negra", em 2018, serviu mais do que proporcionar uma experiência diferente e inspiradora para estudantes da periferia de Belém: chamou atenção para o valioso trabalho da professora Lília Melo em uma região que enfrenta barreiras de vários tipos para manter os jovens na escola.
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O reconhecimento que chegou com a conquista do prêmio Professores do Brasil, do Ministério da Educação, e a indicação ao Global Teacher Prize, entre os 50 finalistas mundiais, veio de um esforço de Lília, de 43 anos, para motivar alunos que convivem com casos de violência na Terra Firme, bairro no sul da capital paraense.
Ela começou a trabalhar na região em 2008. O contato da professora com a brutalidade aconteceria mais tarde. A primeira impressão na chegada ao bairro foi a falta de recursos para proporcionar um bom ambiente escolar - o que empurra o jovem para fora da sala.
"Vim da rede privada. Eu dava aula em uma escola com mensalidade cara e toda uma infraestrutura. Quando, em 2008, comecei a dar aula na Terra Firme, uma cena me chamou a atenção: tinha muito aluno fora da sala de aula. Era uma coisa que me assustava muito", diz.
"Só depois entendi que há várias razões: professores que faltam e não tem outro para substituir, por exemplo, ou não ter um inspetor."
Além da ausência de estrutura para o ensino, a violência é um desafio para a educação em alguns bairros de Belém. Em 2014, uma chacina ocorrida em diferentes locais da cidade atingiu com força Terra Firme.
"Foram 11 pessoas assassinadas. Quando alguém morre em uma família, isso implica mudança em vários aspectos. Como é que eu poderia retornar para a sala de aula ignorando essas mortes? Então parei tudo, parei o conteúdo e disse: eu quero ouvir vocês, eu preciso ouvir vocês", conta.
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Depois da tragédia
O “Juventude periférica: do extermínio ao protagonismo!” surge meses depois da tragédia, em janeiro de 2015. O projeto incentiva jovens a falar de sua identidade e seu cotidiano por meio da produção de filmes e documentários, além de desenvolver núcleos de teatro, dança e arte visual. Nas ruas do bairro são exibidas as criações dos alunos.
Lília Melo fala também na importância de envolver os pais.