Presidente criticou decisão do ministro do STF que proibiu operações policiais em favelas do Rio de Janeiro na pandemia
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Por: R7 14/06/2022 Às 14:13
FOTO: REPRODUÇÃO ALAN SANTOS / PR / 14.05.2022 |
As críticas foram feitas por Bolsonaro durante participação no 5º Fórum de Investimentos Brasil 2022, em São Paulo. Para uma plateia de empresários, o chefe do Executivo afirmou que Edson Fachin, presidente do TSE, colaborou com o narcotráfico no país.
"Os morros do Rio [de Janeiro], onde o Fachin disse que a polícia não pode entrar nem sobrevoar helicóptero, está cheio de fuzil. Virou lá um refúgio da bandidagem do Brasil todo. Parabéns, ministro Fachin. Tremenda colaboração com o narcotráfico, com a bandidagem em maneira geral", disse. A fala fez referência a uma decisão do ministro que proibiu operações policiais em favelas durante a pandemia de Covid-19.
Bolsonaro criticou, sem mencionar o nome, o ministro Alexandre de Moraes, relator de diversos inquéritos dos quais o presidente é alvo. "A delação do [Antônio] Palocci [ex-ministro da Casa Civil], que está no YouTube, vejam antes que um cara resolva bloquear tudo isso. É o dono da verdade e da liberdade, parece que esse é o destino dele."
"Não podemos admitir que um presidente, [seja] da Câmara, do Senado, do Brasil ou do Supremo, ou alguns dos integrantes desses poderes tenham poder absoluto. 'Eu quero, eu não quero, eu prendo, eu desmonetizo, eu processo, eu abro inquérito'", completou.
O chefe do Executivo voltou a dizer que não cumprirá a decisão se o STF mantiver a demarcação de terras indígenas — atualmente o julgamento está suspenso. Os ministros vão julgar se cabe aplicar às demarcações de terras indígenas novas ou em andamento a regra do marco temporal, uma espécie de linha de corte. A medida é defendida pelo governo e por ruralistas e refutada pelos povos originários.
Se os ministros aceitarem a tese do marco temporal, toda a demarcação de terra indígena após a promulgação da Constituição Federal de 1988 deixará de valer. Até o momento, Edson Fachin votou a favor e Kássio Nunes, indicado por Bolsonaro ao STF, votou contra. Alexandre de Moraes pediu vista.
"Falar que não vou cumprir. Isso é pesado? Não. Isso é real. Chega de bananas na política brasileira, de demagogos, que ficam falando bonito para vocês e por trás faz outra coisa completamente diferente", contou.
Eleições
O presidente da República, que busca a reeleição e aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a levantar suspeitas sobre o processo eleitoral, mas sem apresentar provas.
"Eu sou obrigado a confiar? Posso apresentar falhas? Posso dizer como foram as eleições de 2014, [das quais] no meu entendimento técnico o Aécio [Neves, candidato do PSDB] ganhou? Vão cassar o meu registro?", desafiou Bolsonaro, que voltou a dizer que ganhou as eleições presidenciais de 2018 em primeiro turno.
"Tem que jogar dentro das quatro linhas da Constituição. E quem estiver jogando fora, e tem gente lá na Praça dos Três Poderes, tem que vir para dentro das quatro linhas", acrescentou.
O líder brasileiro defendeu a participação das Forças Armadas no pleito eleitoral de outubro. Os militares foram convidados pelo TSE a integrarem a Comissão de Transparência das Eleições e enviaram uma série de sugestões, que foram rejeitadas pela Corte.
"Eleições são questões de segurança nacional. Enquanto o outro lado, que deveria dar o exemplo no cumprimento da Constituição, faz exatamente o contrário, com ameaças", disse, sem dar mais detalhes.