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Governo de SP anuncia esquema especial para estradas no feriado e alerta para possibilidade de 2ª onda de Covid-19

Mortes por coronavírus estão em queda no estado, mas pandemia ainda não está controlada. Maior circulação de pessoas e aglomerações no fim de ano podem levar a novo aumento de casos da doença.

 Atualizado 29/10/2020 às 14:25 

Governo de SP anuncia esquema especial para estradas no feriado e alerta para possibilidade de 2ª onda de Covid-19
O governador João Doria (PSDB) em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes nesta quarta-feira (28). — Foto: Reprodução/Youtube

O governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (28) uma operação especial para as estradas por conta do feriado prolongado de Finados. A gestão estadual afirma que vai aumentar equipe e reforçar policiamento, mas pede que a população evite viagens desnecessárias por conta do risco de contaminação pelo coronavírus.

Embora o estado esteja com tendência de queda nas mortes pela Covid-19, a pandemia não acabou no estado e as autoridades de saúde temem uma “segunda onda” de aumento com a maior circulação de pessoas em feriados e festas de fim de ano. Os novos casos de coronavírus estão em tendência de alta, ao contrário das mortes. Para porta-vozes do governo de SP, ainda é cedo pra tirar conclusões, mas esse aumento nos casos precisa ser acompanhado. Na Europa, depois que medidas pra conter a pandemia foram relaxadas, veio uma segunda onda da doença (leia mais sobre segunda onda abaixo).

Nesta quarta-feira (28), o estado ultrapassou a marca de 39 mil óbitos e 1,1 milhão de casos confirmados de coronavírus. A média móvel diária de mortes, que leva em consideração os registros dos últimos 7 dias e minimiza as diferenças das notificações, se manteve em 91. Na terça (27), o indicador ficou abaixo de 100 pela primeira vem em quase seis meses.

“Nós temos que insistir bastante que, sem a vacina, ainda tem mais de 30 milhões de pessoas que são suscetíveis. Por isso que existe um trabalho para minimizar o risco de uma segunda onda, principalmente nesse final de ano, onde tem uma movimentação social muito intensa e com vários tipos de movimentação social”, disse o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, José Medina.

Na cidade de São Paulo, o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, também afirmou nesta quarta-feira (28) que definiu com as chefias do sistema de saúde alertas para uma eventual segunda onda de Covid-19 . Ele também destacou que o comportamento dos jovens adultos, de 20 a 35 anos, amplia o risco e preocupa a gestão municipal.

“As nossas unidades receberão banners de orientação de uso de máscara, de isolamento e de testagem, a nossa plataforma, o @Covid está à disposição de toda a população para que ela possa fazer suas consultas a respeito de eventuais sintomas que estejam sentindo”, disse em entrevista à GloboNews.

Operação no feriado

De acordo com o governo, a operação no feriado de Finados contará com o reforço doa Polícia Rodoviária Estadual, do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP) e das concessionárias nas rodovias do estado.

A gestão estadual afirma que 21,5 mil policiais vão reforçar diariamente as ações de patrulhamento ao longo dos 22 mil quilômetros de rodovias para evitar crimes e garantir a fluidez do trânsito. A operação utilizará ainda oito mil viaturas, 50 cavalos, 10 helicópteros, 12 drones, 386 guinchos e 200 ambulâncias, que serão distribuídos ao longo de 190 pontos.

Os policiais rodoviários empenhados na ação realizarão testes de embriaguez e o motorista que for flagrado dirigindo sob a influência de álcool será multado e poderá ter o veículo apreendido.

Haverá o uso de megafones para reforçar a necessidade do distanciamento social em pontos específicos como praias, bares e restaurantes. A PM também dará apoio à fiscalização das equipes de vigilância sanitária municipal e estadual.

Possibilidade de segunda onda

O secretário estadual da saúde, Jean Gorinchteyn, avalia que o número de casos está aumentando no estado porque pessoas de maior renda começaram a sair de casa pro trabalho e outras atividades, enquanto as pessoas de renda mais baixa não conseguiram fazer o isolamento social desde o começo da pandemia.

No entanto, Gorinchteyn afirma que não se trata ainda de uma segunda onda da Covid-19.

“Se a gente olhar hoje nos hospitais públicos as internações [por Covid-19] diminuem. Quando nós olhamos nos hospitais privados, há aumento natural do aumento de casos. Mas, reforço, isso não significa uma segunda onda. Isso significa que temos uma redução talvez da velocidade que tínhamos reduzindo o número, ou a possibilidade de criarmos um novo platô com um número abaixo daqueles tragicamente vistos nos meses anteriores”, afirma Gorinchteyn.

O coordenador-executivo do centro de contigência da Covid-19, João Gabbardo, faz um paralelo entre a situação de São Paulo e o que está acontecendo na França e na Espanha, onde o número de casos diários, agora, é mais do que o dobro do pico registrado na primeira onda, mas o número de mortes ainda é menor.

“É uma população diferente, mais jovem, mais sadia, com menos problemas de comorbidades e com uma mortalidade muito menor. Isso é definitivo? Não. Nada em relação ao coronavírus é definitivo”, diz Gabbardo.

Outra explicação para o número de mortes continuar caindo é que os profissionais de saúde aprenderam métodos para combater a doença em mais de sete meses de pandemia.

“Hoje a gente entende um pouco melhor a doença e a qualidade do tratamento que a gente dá tem evitado muitas complicações. Então a gente tem mudado esse perfil e, com esses leitos que estão sobrando nas últimas semanas, a gente interna os pacientes mais precoces pra evitar complicações”, afirma Ralcyon Teixeira, diretor da divisão médica do Hospital Emílio Ribas.

No entanto, o pesquisador do Observatório Covid-19 BR, Vitor Mori, afirma que, se os casos continuarem aumentando, o número de mortes também pode voltar a subir.

“A gente sempre tem um atraso entre o aumento de casos e aumento de óbitos por conta de diversos fatores, desde o atraso na notificação do óbito, mas principalmente pelo curso natural da doença. Se as pessoas estão se infectando agora, vai demorar até o quadro se agravar, gerar uma hospitalização e possivelmente um óbito”, explica Mori.

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