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Voluntário brasileiro que participava dos testes da vacina de Oxford e morreu com a Covid era médico e ex-aluno da UFRJ

João Pedro R. Feitosa morreu no último dia 15 em decorrência de complicações por Covid-19. Ele era voluntário na pesquisa sobre a vacina de Oxford. Anvisa não esclareceu se o voluntário tomou a vacina ou o placebo.

Atualizado 21/10/2020 às 15:47

Voluntário brasileiro que participava dos testes da vacina de Oxford e morreu com a Covid era médico e ex-aluno da UFRJ
Morre voluntário brasileiro que participava dos testes da vacina de Oxford

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) divulgou nota de pesar pelo falecimento do ex-aluno João Pedro R. Feitosa. O médico era o voluntário que participava dos testes da vacina de Oxford e morreu em decorrência de complicações por Covid-19 na quinta-feira (15). A Anvisa não esclareceu se o voluntário tomou a vacina ou o placebo.

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“João, acho que poderia nesse pequeno texto lembrar do quão bom médico e aluno exemplar você foi, mas acho que a recordação que vou mencionar a todos aqui será outra. Quero guardar para sempre o quão bom namorado, irmão e amigo você foi. A dor no peito, o vazio e saudade desde que você se foi crescem a cada instante e o que nos dá força nesse momento além do carinho de tantos amigos que você fez na vida é lembrar de como você era”, diz um trecho da nota do Centro Acadêmico Carlos Chagas, da UFRJ.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, nesta quarta-feira (21) que foi notificada do óbito na segunda (19), e que foi informada que o comitê independente que acompanha o caso sugeriu o prosseguimento do estudo. "O processo permanece em avaliação", disse a Anvisa.

A farmacêutica AstraZeneca informou ao G1 que ainda não tinha um posicionamento sobre a morte.

Após a divulgação da morte, muitas pessoas se manifestaram nas redes sociais. “Quanta tristeza! Meus sinceros sentimentos à família e amigos... que ele encontre muita luz em seu novo caminho”, lamentou uma brasileira.

Voluntário brasileiro que participava dos testes da vacina de Oxford e morreu com a Covid era médico e ex-aluno da UFRJ
Após a divulgação da morte de João Pedro, muitas pessoas se manifestaram nas redes sociais — Foto: Reprodução redes sociais

Testes e acordo no Brasil

A vacina desenvolvida em parceria entre o laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford é a principal aposta do governo federal para uma futura campanha de vacinação contra o novo coronavírus.

O estudo está na fase 3 dos testes, e eles começaram no Brasil em junho. Nesta fase, a eficácia da vacina é verificada a partir do monitoramento de milhares de voluntários. No país, 8 mil voluntários já participam do estudo.

Antes da fase 3, sua segurança foi verificada em pesquisas com um número menor de voluntários e nenhuma reação grave foi verificada, somente reações leves (leia mais abaixo).

O Ministério da Saúde prevê o desembolso de R$ 1,9 bilhão para o projeto AstraZeneca/Oxford, e espera oferecer 100 milhões de doses no primeiro semestre da vacina, caso os estudos confirmem sua eficácia e segurança. Além disso, prevê produzir mais 165 milhões de doses no Brasil no segundo semestre.

Segurança da vacina de Oxford

Um estudo com resultados preliminares da vacina de Oxford (AZD1222) foi publicado em 20 de julho, na revista científica "The Lancet". A pesquisa cita reações consideradas leves e moderadas e não fala sobre efeitos colaterais graves:

Dor após a vacinação: 67% sem paracetamol; 50% com paracetamol.

Fadiga: 70% sem paracetamol; 71% com paracetamol.

Dor de cabeça: 68% sem paracetamol; 61% com paracetamol.

Dor muscular: 60% sem paracetamol; 48% com paracetamol.

Os testes iniciais, das fases 1 e 2, foram realizados na Inglaterra, com 1.077 voluntários, divididos em dois grupos: 543 pessoas receberam a vacina experimental, e outras 534 receberam uma vacina de meningite (o grupo controle) – 56 participantes da vacina experimental receberam paracetamol profilático.

Nota da Anvisa sobre a morte do voluntário

Abaixo, veja a íntegra do posicionamento divulgado pela Anvisa:

"Em relação ao falecimento do voluntário dos testes da vacina de Oxford, a Anvisa foi formalmente informada desse fato em 19 de outubro de 2020. Foram compartilhados com a Agência os dados referentes à investigação realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança. É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comitê, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação.

Portanto, a Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.

A Anvisa está comprometida a cumprir esses regulamentos, de forma a assegurar a privacidade dos voluntários e também a confiabilidade do país para a execução de estudos de tamanha relevância.

A Agência cumpriu, cumpre e cumprirá a sua missão institucional de proteger a saúde da população brasileira."

Oito mil voluntários no Brasil

De acordo com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), responsável pelos testes no Rio de Janeiro, até o presente momento, já foram vacinados aproximadamente 8 mil voluntários no país. Em nota, o IDOR informou que não poderia confirmar a participação de nenhum voluntário no estudo clínico com a Vacina de Oxford.

Contudo, a instituição diz que, diante dos dados coletados em testes em todo o mundo, não existem dúvidas sobre a segurança da vacina.

“Gostaríamos de informar que, após a inclusão de mais de 20 mil participantes nos testes ao redor do mundo, todas as condições médicas registradas foram cuidadosamente avaliadas pelo comitê independente de segurança, pelas equipes de investigadores e autoridades regulatórias locais e internacionais. Vale lembrar que trata-se de um estudo randomizado e cego, no qual 50% dos voluntários recebem o imunizante produzido por Oxford”.

"A análise rigorosa dos dados colhidos até o momento não trouxe qualquer dúvida com relação a segurança do estudo, recomendando-se sua continuidade", dizia a nota.

Fonte:G1

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